Mateus Aleluia

Nascido em Cachoeira, Bahia e único integrante d’Os Tincoãs ainda vivo, Mateus Aleluia e seu parceiro Dadinho passaram cerca de 20 anos morando em Angola e atuando em projetos culturais e educativos. Os Tincoãs são herdeiros da diversidade cultural do Recôncavo Baiano, porção de terra ao redor da Baía de Todos os Santos e que também viu nascer nomes como Dona Edith do Prato, Dona Dalva Damiana, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Roberto Mendes. E foi no Samba de Roda do Recôncavo Baiano e nas músicas sagradas dos terreiros de Candomblé de uma das regiões com maior predominância de população negra do país que Os Tincoãs buscaram inspiração e repertório musical, mesclando as tradições da região com boleros, arranjos vocais e sambas canções. Hoje o trabalho de Mateus Aleluia combina todas estas influências com a maturidade, precisão e serenidade de uma vida dedicada ao trânsito físico e estético entre a Angola e a Bahia. Cantor, compositor, pesquisador, violonista e percussionista, Mateus fez de sua ancestralidade mais do que a reminiscência de uma África perdida no tempo, tornando-a uma presença contemporânea em seu trabalho ainda nos anos 1980 – quando se muda para Angola. Nos últimos anos o baiano tem investido em canções nas quais o violão muitas vezes divide a harmonia com o piano e na qual as variações rítmicas dos atabaques se alternam com a percussão erudita e arranjos de metais. Compositor e letrista sofisticado, Mateus Aleluia canta em um timbre grave e em sua voz de declamador conta processos históricos e histórias do cotidiano, vai e volta de Luanda a Cachoeira e louva orixás e cores, especialmente a cor cinza. Suas composições já foram gravadas nas vozes de Margareth Menezes, Carlinhos Brown e Thalma de Freitas, João Gilberto, entre outros.